No que diferenciam a Surdocegueira e a DMU-
Deficiência Múltipla?
Leitura através da linha das mãos.
A surdocegueira é uma
deficiência única em que o indivíduo apresenta ao mesmo tempo perda da visão e
da audição. É considerado surdocego a pessoa que apresenta estas duas
limitações, independente do grau das perdas auditiva e visual. A surdocegueira
pode ser congênita ou adquirida e não é considerada deficiência múltipla. Cader-Nascimento
& Costa (2005), em sua Tese de Doutorado em Educação
Especial define a surdocegueira como:
(...)
um comprometimento, em diferentes graus, dos sentidos receptores à distância
(audição e visão). E que a combinação desses comprometimentos pode acarretar
sérios problemas de comunicação, mobilidade, informação e conseqüentemente, a
necessidade de estimulação e atendimentos educacionais específicos.
A grande dificuldade das crianças surdocegas
está, justamente, em desenvolver um modo de aprendizado que compense a
desvantagem visual e auditiva e permita o relacionamento com o mundo. Por isso,
explorar as potencialidades dos sentidos remanescentes (tato, paladar e olfato)
é essencial para a orientação e a percepção, tanto na escola, quanto fora dela.
Tornar a escola um espaço fisicamente acessível para essas crianças mais um
passo imprescindível para acolhê-las adequadamente.
Para McInnes
(1999), a premissa básica é que a surdocegueira é uma deficiência única que
requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema
para dar este suporte. O referido autor subdivide as pessoas com surdocegueira
em quatro categorias:
• Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;
• Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
• Indivíduos que se tornaram surdocegos;
• Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
• Indivíduos que se tornaram surdocegos;
• Indivíduos que nasceram ou
adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem,
habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual
possam construir uma compreensão de mundo.
Este mesmo autor relata que muitos indivíduos com
surdocegueira congênita ou que a adquiram precocemente têm deficiências
associadas como: físicas e intelectuais. Estas quatro categorias podem ser
agrupadas em Surdocegos Congênitos ou Surdocegos Adquiridos. E dependendo da
idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se classificá-la em Surdocegos
Pré-lingüísticos ou Surdocegos Pós-lingüísticos.
Uma das alternativas de comunicação para os
surdocegos Pós-lingüísticos
consiste no
sistema Tadoma, também conhecido como “Braille Tátil”. Nessa técnica a pessoa
utiliza as mãos para sentir os movimentos da boca, do maxilar e a vibração da
garganta do falante, e assim consegue interpretar o que é dito. Para os surdocegos
pré-lingüísticos, o uso do tato também é
fundamental.
Método Tadoma
Deficiência Múltipla-DMU é caracterizada por um conjunto de duas ou mais
deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de
comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que
caracterizam a deficiência múltipla, mas sim o nível de desenvolvimento as
possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem
que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas. Pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva costumam
apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas,
estabelecer relações sociais, compreender e obedecer a regras, e realizar
atividades cotidianas.
Segundo Orelove, Sobsey
e Silberman (2004) e Saramago et al., (2004:213),
“As crianças com multideficiência: “...apresentam acentuadas
limitações no domínio cognitivo, associadas a limitações no domínio motor e/ou
no domínio sensorial (visão ou audição), e que podem ainda necessitar de
cuidados de saúde específicos. Estas limitações impedem a interação natural com
o ambiente, colocando em grave risco o acesso ao desenvolvimento e à
aprendizagem”.
De acordo com Bosco fascículo 5, A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar pg.27.
“Os alunos com surdocegueira ou com deficiência múltipla que
tem resíduos auditivos funcionais devem ser encorajados e motivados a
utilizá-los no seu aprendizado. Em se tratando de um aluno com deficiência
múltipla (Paralisia Cerebral), seu bom posicionamento em sala de aula será fundamental
para alcançar melhores resultados na aprendizagem".
Portanto,
é importante que a organização do currículo para estes alunos contemple o
desenvolvimento de competências referentes a diferentes áreas curriculares:
comunicação; orientação e mobilidade; desenvolvimento pessoal e social:
atividades relacionadas com a autonomia pessoal (higiene, alimentação e vestir) e com a vida doméstica; compreensão do meio que o rodeia e a sua
relação com o mesmo; leitura e matemática. Visando uma aprendizagem
significativa para alunos com surdocegueira e deficiência intelectual, a
utilização da comunicação alternativa é
necessária para promover e apoiá-los no processo de aprendizagem.
Referências bibliográficas
BRASIL.
Ministério da Educação. Saberes e Práticas da inclusão: dificuldades acentuadas
de aprendizagem: deficiência múltipla. Elaborado por Profa. Ms. Marilda Moraes
Garcia Bruno. [4ª Ed.] rev. Brasília: MEC, SEESP. 2006. 58 p.
CADER-NASCIMENTO,
Fátima Ali Abdalah Abdel. Implementação e avaliação empírica de programas com
duas crianças surdocegas, suas famílias
e com a professora. 2003. 250f. Tese (Doutorado em Educação Especial) –
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São
Carlos.
MCINNES, J.M. (1999). Deaf-blind infants and children: A
development guide. Toronto,
Ontario, Canada: University of Toronto Press.
Ontario, Canada: University of Toronto Press.
file:///C:/Documents%20and%20Settings/aluno/Meus%20documentos/Downloads/publ_multideficiencia%20(2).pdf.
Acessado dia 21.04.2014 às 08:30.