terça-feira, 22 de abril de 2014

DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E SURDOCEGUEIRA

No que diferenciam a Surdocegueira e a DMU- Deficiência Múltipla?



Leitura através da linha das mãos.

A surdocegueira é uma deficiência única em que o indivíduo apresenta ao mesmo tempo perda da visão e da audição. É considerado surdocego a pessoa que apresenta estas duas limitações, independente do grau das perdas auditiva e visual. A surdocegueira pode ser congênita ou adquirida e não é considerada deficiência múltipla. Cader-Nascimento & Costa (2005), em sua Tese de Doutorado em Educação Especial define a surdocegueira como:
 (...) um comprometimento, em diferentes graus, dos sentidos receptores à distância (audição e visão). E que a combinação desses comprometimentos pode acarretar sérios problemas de comunicação, mobilidade, informação e conseqüentemente, a necessidade de estimulação e atendimentos educacionais específicos.
A grande dificuldade das crianças surdocegas está, justamente, em desenvolver um modo de aprendizado que compense a desvantagem visual e auditiva e permita o relacionamento com o mundo. Por isso, explorar as potencialidades dos sentidos remanescentes (tato, paladar e olfato) é essencial para a orientação e a percepção, tanto na escola, quanto fora dela. Tornar a escola um espaço fisicamente acessível para essas crianças mais um passo imprescindível para acolhê-las adequadamente.
Para McInnes (1999), a premissa básica é que a surdocegueira é uma deficiência única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este suporte. O referido autor subdivide as pessoas com surdocegueira em quatro categorias:
• Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;
• Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
• Indivíduos que se tornaram surdocegos;
• Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.
            Este mesmo autor relata que muitos indivíduos com surdocegueira congênita ou que a adquiram precocemente têm deficiências associadas como: físicas e intelectuais. Estas quatro categorias podem ser agrupadas em Surdocegos Congênitos ou Surdocegos Adquiridos. E dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se classificá-la em Surdocegos Pré-lingüísticos ou Surdocegos Pós-lingüísticos.
Uma das alternativas de comunicação para os surdocegos Pós-lingüísticos 

consiste no sistema Tadoma, também conhecido como “Braille Tátil”. Nessa técnica a pessoa utiliza as mãos para sentir os movimentos da boca, do maxilar e a vibração da garganta do falante, e assim consegue interpretar o que é dito. Para os surdocegos pré-lingüísticos, o uso do tato também é fundamental.
                                                                                 

Método Tadoma 
Deficiência Múltipla-DMU é caracterizada por um conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracterizam a deficiência múltipla, mas sim o nível de desenvolvimento as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas. Pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva costumam apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas, estabelecer relações sociais, compreender e obedecer a regras, e realizar atividades cotidianas.
Segundo Orelove, Sobsey e Silberman (2004) e Saramago et al., (2004:213),
“As crianças com multideficiência: “...apresentam acentuadas limitações no domínio cognitivo, associadas a limitações no domínio motor e/ou no domínio sensorial (visão ou audição), e que podem ainda necessitar de cuidados de saúde específicos. Estas limitações impedem a interação natural com o ambiente, colocando em grave risco o acesso ao desenvolvimento e à aprendizagem”.
De acordo com Bosco  fascículo 5, A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar pg.27.
“Os alunos com surdocegueira ou com deficiência múltipla que tem resíduos auditivos funcionais devem ser encorajados e motivados a utilizá-los no seu aprendizado. Em se tratando de um aluno com deficiência múltipla (Paralisia Cerebral), seu bom posicionamento em sala de aula será fundamental para alcançar melhores resultados na aprendizagem".
Portanto, é importante que a organização do currículo para estes alunos contemple o desenvolvimento de competências referentes a diferentes áreas curriculares: comunicação; orientação e mobilidade; desenvolvimento pessoal e social: atividades relacionadas com a autonomia pessoal (higiene, alimentação e vestir) e com a vida doméstica; compreensão do meio que o rodeia e a sua relação com o mesmo; leitura e matemática. Visando uma aprendizagem significativa para alunos com surdocegueira e deficiência intelectual, a utilização da  comunicação alternativa é necessária para promover e apoiá-los no processo de aprendizagem.

Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Saberes e Práticas da inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem: deficiência múltipla. Elaborado por Profa. Ms. Marilda Moraes Garcia Bruno. [4ª Ed.] rev. Brasília: MEC, SEESP. 2006. 58 p.
CADER-NASCIMENTO, Fátima Ali Abdalah Abdel. Implementação e avaliação empírica de programas com duas crianças  surdocegas, suas famílias e com a professora. 2003. 250f. Tese (Doutorado em Educação Especial) – Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos.
MCINNES, J.M. (1999). Deaf-blind infants and children: A development guide. Toronto,
Ontario, Canada: University of Toronto Press.